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sábado, 31 de março de 2012

Lançamento: Série VII Demônios - Belzebu Gula

Saudações Amigos.

Recebi uma ótima notícia este mês.
Meu conto, "Um pequeno pedaço do paraíso", selecionado para participar da antologia "VII Demônios" na categoria "Belzebu - Gula" já está com data marcada.
O lançamento ocorerrá no dia 28 de abril, na 1ª Odisseia de Literatura Fantástica de Porto Alegre - Memorial do RS, no centro histórico de Porto Alegre.


Com certeza será um megaevento com obras literárias fantásticas, em todos os sentidos. E além da série dos demônios pecadores, outras obras da editora Estronho serão lançadas nestes dois dias (27 e 28) de pura cultura.

Confesso que ainda não posso garantir minha presença, mas tentarei estar lá dando meu incentivo e prestigiando este que será um ótimo fim de semana.

Aproveito a oportunidade para expressar meus sinceros agradecimentos à Editora Estronho pelo excelente trabalho de promover encontros entre autores iniciantes e veteranos, proporcionando a oportunidade de publicação de trabalhos. E também, gostaria de deixar essa dica para àqueles que estão iniciando no mundo das letras: escrever contos é uma ótima maneira de exercitar a criatividade e ter a chance de começar no ramo das publicações. Aproveitem!

Abraços a todos.
Willian Nascimento



domingo, 18 de março de 2012

Leitura e reflexão – J. T. Um conto de fadas punk


Sei que normalmente dedico este blog, e em especial esta coluna, a falar acerca de livros, contudo, peças de teatro também são gêneros literários, tão antigos quanto à poesia e as crônicas, e mais até que os romances. E apesar de eu não ter lido a história “J. T. um conto de fadas punk”, tive a oportunidade de assisti-la no Centro Cultural Banco do Brasil esta semana.

O texto de Luciana Pessanha narra a “história real” de Jeremy “Terminator” Leroy, um famoso escritor estadunidense que, ao escrever duas autobiografias – “Maldito Coração” e “Sara” - contanto os casos de abuso que sofreu na infância, a adolescência nas ruas onde se prostituía com caminhoneiros e os problemas que teve com drogas e álcool, acaba por se tornar uma celebridade instantânea, cercada de fãs e respeitada por artistas das mais diversas áreas. Com uma história tão obscura e uma coragem absoluta em retratá-la em páginas, J. T. Leroy ganha o público. O problema: a biografia é falsa. Leroy não existe.

 Com fortes cenas de humor e drama, mescladas de forma que espectador vive um intenso conflito entre decidir se deve rir ou se emocionar, a peça é um excelente programa para aqueles que curtem uma história bem feita, com bons atores e cenas que nos obrigam a pensar. E este último requisito é justamente o objetivo desta coluna, por isso o lugar de destaque que coloco aqui para “J. T. Um conto de fadas punk”.

A ação humana é capaz de mudar o mundo, de marcar as pessoas de tal modo que sua memória permanece viva até os dias vindouros. Isabel assinou a Lei Áurea e até hoje é considerada o símbolo da redenção; há mais de vinte anos, um jovem chinês se transformou no ícone da luta pelos direitos humanos ao se lançar em frente aos tanques de guerra do Partido Comunista Chinês para protestar contra o regime opressor instalado em seu país. Ações humanas, que são interpretadas hoje como valorosas e que nos motivam a tomar nossas próprias escolhas.

Até então estamos falando apenas de personagens de carne e osso, mas e se estes não tiverem? E se existirem apenas em papel e tinta? Seriam suas existências desprezadas apenas por isso?

Mesmo na história temos personagens cuja existência ainda não pôde ser provada. Rei Arthur, por exemplo, durante séculos povoa o imaginário ocidental sem que ainda se tenha encontrado provas de sua real existência. Contudo, o fato de não se poder atribuir total veracidade a sua existência não o impediu de durante anos servir de inspiração para histórias e movimentos de nacionalidade do povo inglês. E mesmo personagens que foram criados com intuito totalmente ficcional não podem ser privados de sua importância para criar o mundo que temos hoje. Como a Capitu de Machado de Assis, cujo caráter ambíguo e os fascinantes olhos de ressaca serviram de inspiração não apenas para outras histórias ficcionais como também para se pensar em questões importantes como o papel da mulher em nossa sociedade e a instituição do casamento na mesma. Ou, para usar um exemplo bem contemporâneo, posso citar o nosso cavalheiro das trevas, Batman, que até hoje é talvez aquele super herói que mais nos obriga a pensar nesses papeis de mocinho e vilão em nosso mundo. Em como um homem a margem da sociedade pode, na verdade, ser a salvação em uma sociedade corrupta como a nossa.

O caráter imaginativo nunca impediu a ficção de conseguir atingir o nosso mundo. Os fenômenos da fantasia são assim, recheados de coisas que nos obrigam, mesmo sabendo de seu cunho mentiroso, a pensar acerca da possibilidade de sua existência. Locais como fonte da juventude, o Shangri-la, Atlântida. Pessoas como Robin Wood e a idéia de um herói ladrão. Romeu e Julieta e o desejo do amor impossível. Dorian Gray e a busca humana pelo prazer e juventude. Enfim, a literatura está repleta de personagens fictícios cuja sua origem fantástica não os impediu de marcarem nossa realidade.

E neste contexto, J. T. Leroy entra como um bom pretexto para se falar nesse tema. É por isso que eu recomendo àqueles que possam, de ir prestigiar. Vale à pena.



Informações:

JT - Um Conto de Fadas Punk

16 de Março a 27 de Maio

Local: Teatro I | CCBB RJ - Rua Primeiro de Março, 66 - Centro

Horário: De quarta a domingo, às 19h

Texto: Luciana Pessanha.

Direção: Paulo José.

Elenco: Natália Lage, Débora Duboc, Nina Morena, Hossen Minussi e Roberto Souza.

Duração: 90 min.

Classificação: 16 anos

Telefone: (21) 3808-2020

Ingressos: R$ 6 (inteira) e R$ 3 (meia entrada)



Bom espetáculo

quinta-feira, 8 de março de 2012

Moda e inovação


Moda é uma palavra que tende a ser um divisor de águas, pois ela delimita claramente a fronteira entre aqueles que querem ser integrados e aqueles que acreditam que ser como os outros é a pior coisa possível. Muitos desejam estar na moda, gostam de se sentirem atualizados, fazer parte de um grande grupo, perceber-se integrados ao mundo. Outros, em contrapartida, preferem seguir a linha underground, estarem constantemente contra a maré, testarem suas individualidades e serem diferentes a cada dia.

Na literatura, isso não acontece de forma diferente. Temos grandes ciclos de temáticas que povoam os Best Sellers das prateleiras. Tivemos os ciclos das teorias de conspiração, com o apogeu de O Código da Vince. Observamos as fases sobrenaturais, dos bruxos, dos vampiros, dos anjos. E em todas elas, existiram aqueles que abraçavam a causa de forma apaixonada, e aqueles que detestavam as tendências de maneira intensa. Até aí, tudo normal.

É comum que haja conflitos entre essas duas forças, pois aqueles que desejam defender seus gostos farão de tudo para firmar suas escolhas e acusar aqueles de que delas não partilham de algo. Os que estão na moda chamarão os undergrounds de invejosos, arrogantes, enquanto os que estão à margem das modas vão apontar para os outros e dizer que não passam de seres alienados, sem personalidade.

Mas então, você autor, como agir dentro dessa sinuca de bico? O terreno da moda é sempre perigoso, pois como autor, seguir uma tendência já consolidada pode dar muito certo, como também acabar tudo errado. Pois se eu escrevo hoje um livro cuja temática já está passada, corro o risco de, além de atrair os comentários maldosos dos undergrounds que vão me chamar de vendido, também posso acabar despertando o desgosto daqueles que estão inclusos na moda, isso porque estes, normalmente engajados no fã clube de algum autor, me chamarão de plagiador e sem criatividade.

Eh meus amigos, escrever não é fácil, ainda mais em um mundo em que a leitura está tão disseminada. Pois basicamente chegamos a um ponto em que inovar totalmente está fora de cogitação. Não importa a idéia mirabolante que tenhamos, será basicamente impossível não encontrar, em qualquer parte do mundo, alguém que já não tenha pensado naquilo antes de nós. Enfim, se quisermos ser completamente inovadores naquilo em que propomos escrever, temos muito trabalho a fazer.

Mas também, deixando o pessimismo de lado, o fato de uma temática já estar batida não significa que você não possa inová-la ainda assim. Trazer algum ponto original que faça toda a diferença na análise do todo. Acontece que hoje em dia todos aqueles que querem se aventurar por uma nova escrita esbarram no medo de ter a sua obra confundida com a de outro autor. O que eu tenho a dizer simplesmente é: relaxe, pois ela vai ser confundida mesmo. (risos)


Não importa o quanto você inove ou tente trabalhar um assunto por uma temática mirabolante. Sempre haverão aqueles pontos em que seu trabalho irá ao encontro de outro já produzido, seja de forma clara ou numa simples menção. E neste momento, pode apostar que existirá aquela pessoa que apontará essa característica, seja para louvar, seja para ridicularizar.

Neste sentido, o que quero dizer é que não é apenas estando no campo da moda que sua obra corre o risco de indicar referências a outros trabalhos. Isso é algo já preso na vida, pois por mais que você não tenha contato com a obra de referido autor, de alguma maneira você faz parte da mesma cultura que ele, esse autor compõe, em maior ou menor grau, a tradição na qual você foi criado. E assim, independente de você tê-lo ou não lido, acabará por absorver parte de suas idéias na vida, pois suas idéias influenciaram uma geração que, por vias indiretas, passam esse aprendizado para você.

Hoje o que temos é que os ciclos de moda estão muito intensos. Temos os grandes temas que viram febre e isso torna essa relação de inspiração e aprendizagem muito clara. E logicamente, também muito irritante. É normal que você, ao não gostar de determinada tendência, e vendo esta se espalhando a sua volta e invadindo seu espaço privativo, acabe por odiá-la. Mas isso não deve obscurecer a idéia de que o ato de copiar é algo intrínseco ao ser humano. Eu posso não me sentir inspirado pelos autores contemporâneos, que são os mais vendidos de minha geração, mas é claro que irá haver aquele autor, mesmo que distante e esquecido no tempo, que me deixará sua marca e que esta aparecerá em minha escrita.

Inspiração não é ruim, pois ela não impossibilita a originalidade. Porque, a menos que copiemos cada linha de um trabalho já escrito, o nosso livro terá aquela pitada nossa, aquele detalhe que é nosso e exclusivamente nosso. E nessa mistura de algo copiado com um toque de acréscimo estará um trabalho original. Volto a dizer, hoje vivemos o apogeu das grandes temáticas literárias, mas elas são apenas a intensidade máxima daquilo que já é comum na literatura. A moda é simplesmente o ponto de encontro de diferentes autores que partilham de um gosto comum e que acabam por chamar demasiada atenção em um mundo governado pela mídia de massa. E é claro que terão aqueles que odiarão e aqueles que amarão estas modas. Tudo isso porque faz parte também do ser humano o gosto pelo conflito.