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sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Resenha: Divã, de Martha Medeiros

Martha Medeiros é uma das vozes feministas mais importantes da literatura brasileira. Uma das primeiras autoras interessadas em explorar e divulgar o universo da mulher em suas obras. Todavia, o que poderia ser um verdadeiro “pé no saco” para qualquer leitor masculino, torna-se algo tragável e até mesmo compreensível, dado a habilidade da autora em combater o machismo sem necessariamente apontar e culpar toda a raça masculina pelos infortúnios da mulheres ao longo dos séculos. Algo que normalmente outras feministas fazem de sobra.
Narrado em primeira pessoa, o leitor toma o lugar de Lopes, psicanalista que tem de escutar durante as 170 páginas de Divã as loucuras e paranoias de Mercedes. Uma mulher de meia idade, divorciada, com filhos já criados e que recentemente começa a redescobrir os prazeres que julgava enterrados para sempre.
Entre amantes cada vez mais novos, amizades importantes e lições e aprendizados que obtém seja através de outros, seja por via de suas próprias reflexões, a personagem principal vai traçando um mapa de autoconhecimento que acredito tocar a fundo grande parte dos leitores desta obra. E mesmo aqueles eu não possam se identificar completamente com a personagem, seja pela sua idade, ou por seu sexo, ainda sim poderão se condizer dela se encararam o trabalho de mente aberta.
“Divã” é sem dúvidas um trabalho agradável, com uma escrita suave e bons momentos de humor e drama. Uma leitura ágil, mas que permite momentos de reflexão, com monólogos passados, mas que não se deixam cair completamente em clichês. Um livro que vale a pena ser lido, seja por homens ou mulheres, que queiram ou não explorar o universo feminino. Na verdade, um aviso é importante ser deixado para aqueles que procuram a obra de Medeiros atrás de respostas para problemas pessoais ou de suas cônjuges: desista. Pois nenhum autor, por melhor que seja, poderá dar tais soluções.

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