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domingo, 28 de abril de 2013

Resenha de “The Walking Dead, a ascenção do governador” ou As diferentes artes de escrever.



Quando nos referimos a um escritor, ou a arte da escrita, quantos de nós já pararam para pensar nas implicações de se referir a esse ofício de forma tão singular? Bem, eu particularmente só pensei nisso agora. Refiro-me ao fato de entender como se a arte de escrever fosse única e quem possui esse talento, é capaz de escrever sobre qualquer coisa. Então, seguindo esta lógica, um bom poeta é necessariamente um bom romancista, um bom retórico, um bom cronista, enfim, é capaz de escrever basicamente sobre tudo.
Na verdade, acho que nós fãs também temos a tendência a ver nossos ídolos com esses olhos, e cobramos deles excelência em tudo o que fazem. Fiz isso quando cobrei de Robert Kirkman a excelência no livro “The Walking Dead, a ascensão do governador”. Como fã da série de televisão e reconhecendo o talento das HQs de Kirkman, em minha cabeça o livro não podia ser nada menos do que fenomenal. E somando isso ao fato de que ele tinha em sua companhia outro autor, que apesar de não ter lido nada sobre anteriormente, era minimamente reconhecido do público americano, imaginei que a coisa só podia ser boa. Enfim... Enganei-me.
O trabalho de Kirkman e de Jay Bonansinga não só não me atraiu como foi um verdadeiro martírio. Lento, enfadonho e sem grandes surpresas para aqueles que já acompanham a série. Passar por ele não foi uma das experiências mais agradáveis. Contudo, acredito que criticar o talento do primeiro como romancista ainda é injusto. Injusto por que, afinal de contas, ele não é um romancista. Kirkman é um cartunista, trabalha como roteirista de televisão tendo outros mais experientes como apoio. Enfim, acreditar que ele seja realmente bom em tudo o que escreve é no mínimo inocência.
Eu mesmo quando me lancei na escrita acreditei que poderia escrever sobre tudo. Afinal, para alguém que consegue escrever um livro de 500 páginas, outro tipo de texto é moleza. Bem, não foi. Na verdade descobri que tenho certa dificuldade em escrever textos de tiro curto. Que sou uma pessoa prolixa por natureza. Mas ainda assim tentei. Consegui até escrever alguns contos, que saíram sofridos, mas até que bem. Tentei também poesia e esse ramo foi um completo desastre, melhor nem comentar mais...
Enfim, escrever não é uma arte única. Cada escrita tem sua forma, sua particularidade. E cada uma delas exigem um talento próprio. Sou doutrinado pela faculdade a escrever bem artigos acadêmicos. Minha formação literária e meus jogos de rpg me deram a base para escrever romances de aventura. Contudo, pouco ou nada li de poesia, de crônicas ou outros estilos que se tentar realizar hoje sairão como completos desastres.
Kirkman, tentado pela aventura ou pelo dinheiro aceitou o desafio de escrever um romance de 400 páginas e merece o crédito por dispor a cara a tapa. Contudo, se quiser continuar neste ramo, sugiro que continue a escrever boas histórias em quadrinhos a a contribuir com os roteiros de televisão, pois são uma praia melhor.