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sábado, 22 de junho de 2013

Saudades do Ócio


blog tão desatualizado, começo a sentir vergonha dele. Não que eu não goste mais de escrever, mas está cada dia mais difícil encontrar tempo e inspiração para tanto. A vida profissional é cansativa, e encontrar brechas para se dedicar ao trabalho intelectual é uma tarefa tão difícil que a fadiga corporal e mental impossibilitam.
Confesso que faz muito tempo que não posto aqui, e agora que olho este

Agora entendo o que Platão dizia acerca da necessidade do ócio, pois realmente é complicado manter uma carreira e um hobbie ao mesmo tempo. Ter aquele momento para pensar quando outras preocupações tomam conta da cabeça. O jeito mais simples seria tentar a feliz coincidência de mesclar os dois e seguir uma profissão que seja capaz de deleitar ao mesmo tempo em que lhe garante ascensão profissional.

O problema é que quando seu hobbie é pensar, o Brasil do séc. XXI não se mostra como o melhor espaço para lhe garantir boas oportunidades. Então o jeito é tentar se virar com duas atividades: uma para conseguir dinheiro, outra para elevar o espírito. Pois a falácia do “trabalho enobrece o homem” não cola. Por que o trabalho sozinho não enobrece ninguém.

Enfim, apesar do tom deprimente deste pequeno manifesto, não tenho por intuito desmotivar ou me lamentar para ninguém. Na verdade, acredito que escrevo este texto como forma de fazer um alerta acerca de uma cruel realidade. Cruel, mas que precisa ser vencida, e que existem estratégias para tanto.

Em um mundo corrido como o nosso, onde o tempo vale cada vez menos, a disciplina é a melhor solução. Eu realmente caí na ingenuidade de acreditar que poderia continuar como o meu ritmo dos tempos em que fazia apenas faculdade e estágio, em que os horários vagos em casa eram dedicados exclusivamente à leitura e à escrita.

Pois naquele tempo, todos os meus minutos vagos eram direcionados ao computador e às leituras, onde eu produzia bastante. Mas agora, qualquer segundo folgado só consegue ser usado para o descanso. Se eu estiver em casa, com certeza vou querer descansar, fazer uma leitura mais leve, que me garanta prazer mas que não necessariamente vá trazer grandes avanços na minha forma de pensar. Ou então assistir a um filme ou uma série, que podem trazer grandes lições ou assuntos, mas que não são suficientes para quem gosta do labor crítico.


Nesse sentido, criar o tempo é fundamental. Tornar o hobbie, quase que uma obrigação, enganar o corpo e a mente, pelo menos parcialmente, para fazê-los acreditarem que você não está fazendo aquilo que gosta apenas por que quer fazer, mas porque tem que fazer. Pois quando elas passam a ser obrigações, por mais cansados que estejamos, ainda assim conseguimos tirar forças, não sabemos donde, para realizar... Isso talvez seja nossa maior capacidade.

Dessa forma, começo a tentar me organizar. Reservar horários que até então estavam completamente disponíveis e ocupando-os com minhas obrigações/lazer. Ir para locais onde eu só poderei fazer isso, ao invés de retornar para casa onde o confortável sofá, o divertido cachorro, ou a irresistível cama vão me distanciar de meus objetivos para comigo mesmo.

Talvez essa seja a única maneira, seja de forma pessimista ou otimista, pois não sei como estas palavras podem estar sendo lidas. Mas acho que vale a penas tentar. Pois o ócio poderia ser a solução para a pacata Atenas dos primórdios do ocidente, mas se queremos manter viva a arte de pensar no terceiro milênio, temos de nos esforça um pouco mais.

Se isso vai dar certo... Bem, vamos acompanhar e ver no que vai dar.